quinta-feira, 3 de maio de 2012

Janela do Ônibus


Na maior parte desta viagem é aqui mesmo que gosto de ficar, sentado na janela do ônibus, e com o rosto bem colado no vidro, fico olhando a paisagem lá fora, mas não é ela que enxergo. Esta janela é como uma TV em que me torno um espectador de minha própria vida.

Daqui de fora assisto os momentos da vida que valem a pena lembrar e alguns que eu preferia esquecer. Meu rosto não poderia ser mais estático. Não dou sorrisos, pois minha vida não é uma comédia. Também não derramo lágrimas, pois minha vida não é nenhuma tragédia grega.

Passam aqueles momentos da minha infância que não podem voltar, mas que jamais podemos esquecer. De repente começa a passar as cenas dos meus amigos. Maior parte deles já perdi e mesmo assim eles continuam aqui, é irônico. Assisto os momentos em que errei e depois esses mesmos momentos, eu fazendo o certo. Posso também ver nessa telinha momentos que não aconteceram, a programação insiste em passar um beijo, vários beijos, dois corpos, um sentimento, uma união, dois rostos felizes; um eu reconheço, é o meu, o outro ainda não conheço, mas é um rosto lindo.

E o ônibus segue, a minha vida segue aqui fora e ali na janela. E o ônibus para, porem minha vida não para, pela telinha ate pode, mas aqui fora não. O destino do ônibus eu conheço, mas o destino da minha vida não.

(Luan Ribas)

Um comentário:

  1. ' Me lembra um texto meu...que descrevo minha vida assim..mas sentada em uma calçada...

    Lindo texto Lu, grande Alma!!
    :P

    ResponderExcluir