quarta-feira, 23 de maio de 2012

O que quer a Solidão?




Parece que o ser humano não entende muito bem a Solidão. E tudo aquilo que não compreendemos às vezes a tememos. E por que a solidão nos assusta tanto?

Não vou afirmar que a solidão é algo simples e que não devemos nos preocupamos com ela; não, pelo contrario, a solidão é sim algo perigoso que pode causar estragos em nossas vidas. Mas tudo que a solidão causa em uma pessoa é pelo simples fato dela se deixar ser dominada – a solidão quando chega damos mais espaço a ela.

Para ser logo franco com vocês, a solidão sempre dá um jeito de nos encontrar, em algum momento da vida, sem percebermos, ela está diante da gente. Essa é a verdade. Ela vem uma vez, e poderá vim outras vezes. Mas se a solidão veio, então era algo preciso. Cheguei ao ponto que eu queria: a solidão é algo que precisa ser encarado, pois a solidão nada mais é do que “você e você”. Entenda: pra se sentir só você não necessariamente estará em uma Ilha, pois você que se torna a “ilha”. Quantas vezes estamos no meio de uma multidão, entre seus melhores amigos, sua família, seu amor e mesmo assim nos sentimos sós? Isso porque a solidão é algo que está dentro de você, e não fora. Este é outro ponto que eu queria chegar: porque mesmo tendo tudo isso ficamos em solidão? É porque ainda há algo que você precisa lá dentro, alguma coisa que te falta e a solidão vem para nos mostrar isso, “que tem algo faltando” em você, por isso você tem que olhar dentro de você e ver o que você precisa. Parece bobagem tudo que estou explicando, mas vamos refletir: sabe aqueles momentos que estamos precisando de respostas, respostas da vida, e tudo que mais queremos é nos afastar de todos os amigos e entes queridos porque precisamos ficar um pouco só? Ficar só para buscarmos as respostas que acreditamos encontrar dentro de nós mesmos. então aquilo que era tão temido agora se torna tão necessário, num é verdade? Voltarei a dizer que a solidão é algo dentro de você que precisa ser encarada.

A Solidão está a todo tempo próxima a mim, mas agora não a tenho mais como uma inimiga e sim como uma companheira. Toda vez que ela se aproxima de mim já sei que veio trazer perguntas e questionamentos, e eu agora estou sempre pronto para dá-la as respostas. Bem... Ou quem sabe ela veio só pra ter minha companhia porque se sentia só? 

(Luan Ribas)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Coração no Lixo


O que eu tinha no meu peito era um coração vazio, um coração que eu nunca cuidei bem. Por isso mesmo aquele coração veio doer no meu peito, ele pedia pra viver, para ser preenchido. Eu sabia que não seria capaz de fazer algo assim sozinho por ele. Decidí procurar por alguém que cuidasse de meu coração.

Comecei com minha difícil tarefa da pior maneira, andei por todos esses caminhos do mundo e fui oferecendo o meu coração a todos que iam passando por mim. Com o coração fora do peito mostrei-o a muitas pessoas, alguns viam e rejeitava de imediato aquele coração. Continuei oferecendo meu coração, ate que algumas pessoas começaram a demonstrar que se importavam e aceitaram meu coração. Eu me enganei. Só quando foi tarde que percebi: algumas pessoas queriam apenas brincar com meu coração e quando cansaram da diversão abandonaram-no. Outras pessoas foram ainda mais cruéis, elas agiram como se não gostassem de corações, pareciam odiá-los; quando pegaram no meu foram ferindo-o e machucando-o bastante, pessoas assim não poderiam ficar com meu coração. Também teve aquelas pessoas que aceitaram meu coração apenas para arrancar um pedaço dele, pedaços que fizeram falta. Ate aquelas pessoas belas como as rosas apenas cravaram seus espinhos em meu coração. Tentei coloca-lo em outros lugares, outras coisas, mas meu coração não se encaixava em lugar nenhum.

Ninguém se importava mais com aquele meu coração, nem mesmo eu. Um coração vazio, ferido, com cicatrizes, com espinhos e despedaçado. Quem poderia se interessar por um coração como este ? Nem eu estava interessado. Então tomei uma decisão: Jogarei no Lixo.

Impressionei-me com o que eu havia encontrado naquele lixo, era tudo tão parecido com meu coração, eram coisas que deveriam ser mais valorizadas e que foram mau cuidadas e agora estavam no lixo. A presença de um Homem naquele lugar também me surpreendeu, não era um lixeiro, não era catador, nem mendigo e eu sabia que ninguém o abandonou ali, parecia que Ele procurava algo. Quando fui atirar aquele meu coração no Lixo, este Homem me mandou parar e se aproximou, dizendo:

 - Não faça isso. Porque vai jogar seu coração no Lixo?
- Veja-o, meu coração nem tem mais valor algum! – respondi.
 - Então me entregue. Eu me interesso pelo seu coração. – continuou Ele.
- E porque Você se importa? – perguntei ao Homem -. É um coração mau tratado, ferido, despedaçado.
 - Me entregue e eu cuidarei dele, vou curá-lo, preenche-lo. Eu venho aqui procurar tesouros, tesouros como este que queres jogar fora. Eu cuido dos corações, sou especialista nisso, vou cuidar do seu como já cuidei do de outras pessoas. É só você me entregá-lo.

De alguma forma o coração em minhas mãos batia intensamente. Então pensei: “Deixei meu coração nas mãos de tantas pessoas que não deram valor, e agora aparece este Bom Homem que o quer em seu pior estado”.

 - Tome-o, te entrego meu coração – Falei ao Homem.
 - Obrigado! Confie em mim. – Disse o Homem e em seguida pegou o meu coração.

O que aquele Homem fez no meu coração foi tão incrível. Meu coração foi completamente curado, restaurado e renovado. O melhor de tudo é que meu coração agora está feliz como nunca esteve.

O Homem disse quando me entregou:
 - Aqui está seu coração. Como eu prometi, ele está curado, limpo, os pedaços que faltavam nele fora preenchidos com meu coração e ele está cheio de coisas boas.
 - Senhor,  - respondi a ele – vendo como meu coração foi bem cuidado por ti, peço que continue cuidando dele, eu não tive cuidado com ele quando esteve em minhas mãos, eu apenas o danifiquei. Peço-te que fique com meu coração.
 - Seu coração agora é como o meu para que meu cuidado permaneça em ti.

Senhor Jesus, sempre vou ser grato por ter renovado meu coração e este ter me renovado também. Obrigado, obrigado, obrigado.

(Luan Ribas)


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Janela do Ônibus


Na maior parte desta viagem é aqui mesmo que gosto de ficar, sentado na janela do ônibus, e com o rosto bem colado no vidro, fico olhando a paisagem lá fora, mas não é ela que enxergo. Esta janela é como uma TV em que me torno um espectador de minha própria vida.

Daqui de fora assisto os momentos da vida que valem a pena lembrar e alguns que eu preferia esquecer. Meu rosto não poderia ser mais estático. Não dou sorrisos, pois minha vida não é uma comédia. Também não derramo lágrimas, pois minha vida não é nenhuma tragédia grega.

Passam aqueles momentos da minha infância que não podem voltar, mas que jamais podemos esquecer. De repente começa a passar as cenas dos meus amigos. Maior parte deles já perdi e mesmo assim eles continuam aqui, é irônico. Assisto os momentos em que errei e depois esses mesmos momentos, eu fazendo o certo. Posso também ver nessa telinha momentos que não aconteceram, a programação insiste em passar um beijo, vários beijos, dois corpos, um sentimento, uma união, dois rostos felizes; um eu reconheço, é o meu, o outro ainda não conheço, mas é um rosto lindo.

E o ônibus segue, a minha vida segue aqui fora e ali na janela. E o ônibus para, porem minha vida não para, pela telinha ate pode, mas aqui fora não. O destino do ônibus eu conheço, mas o destino da minha vida não.

(Luan Ribas)