Em
todas as manhãs, em todos os dias, durante todo o ano e em todo tempo, eu vivia
e brincava com meu Pai em seu Jardim no qual sua beleza me fazia ficar mais
cheio de vida, algo como a própria felicidade habitava aquele lugar, exalando
seu suave aroma por todo Jardim. Aquele lugar pra mim e meu Pai era a própria
Alegria. Ele sempre cuidou do Jardim, conhecia e amava muito cada planta, árvore
e cada animalzinho que vivia ali; era um nosso próprio Reino em que vivíamos
felizes em cada momento, era maravilhoso aprender a cuidar daquele jardim e
poder estar ali todos os dias.
Um
dia, estando eu e meu Pai cuidando do campo, como era de costume, avistei algo
fora do Jardim que me prendeu a atenção: Um pássaro. Um pássaro maravilhoso que
voava com outros pássaros do Jardim – Meu Pai ama os pássaros –, mas eu só
conseguia ter atenção neste pássaro. Meu Jardim não tinha um pássaro como
aquele e foi isso que me tocou profundamente. Decidi com todo coração de que eu
pegaria aquele pássaro. Olhei para meu Pai e Ele retribuiu o olhar com alegria
de como todo pai que sabe o que tem no coração de seu filho, aquele olhar
consentia que eu devesse ir atrás do meu pássaro.
Como
criança alegre eu fui, descia e subia correndo pelas colinas, com os braços
abertos como se fosse possível abraçar aquele mundo. A cada metro que eu me
aproximava do pássaro uma onda de fortes sentimentos batiam em meu peito e se
misturavam causando uma ótima sensação de calor me consumindo por dentro.
Parecia
que cada segundo tornava-se horas enquanto eu corria pela relva e entre todos
os outros pássaros do meu Jardim que voavam em minha frente e formavam uma
imensa cortina das mais variadas cores, tão brilhantes como as constelações que
preenche a noite com a luz, seus bater de asas eram como músicas que entravam
pelos meus ouvidos e circulavam como sangue no meu corpo e enchia mais ainda
meu coração com aquele suave calor. Depois notei o quão perto eu estava do
pássaro e o tanto que eu o desejava, agora era só agarrá-lo, abraçá-lo e
trazê-lo para meu Jardim e mostrar ao meu Pai que pássaro maravilhoso eu trouxe
a Ele. Pulei como um leão que agarra seu filhote para protegê-lo, de repente
fiquei abatido como uma águia que não encontra seu filhote no ninho. O pássaro
não estava em minhas mãos. Voara bem alto e pousara muito longe de mim. Eu
havia me esforçado tanto e corri como um louco para obter-lo, agora ele estava
mais distante ainda, mas eu o queria e precisava ir atrás dele outra vez.
Mais
uma vez fui buscar aquele pássaro. Agora havia mais barreiras além da distância,
mas eu estava disposto a encarar tudo por ele. Entre muitos tropeços,
arranhões, escaladas e com suor no rosto eu me aproximei de novo do pássaro;
fui com mais calma, com mais sutileza, pois não queria assustá-lo e sim
conquistá-lo. Teria que agir com mais cautela desta vez. Então fui aos poucos,
devagar... fui chegando perto e estendendo a mão para atraí-lo. Frente a
frente, nos olhamos e eu demonstrava com o olhar como eu o queria perto de mim,
no meu Jardim ele se sentiria muito Feliz, e eu também. Comecei a planejar tudo
de bom que poderíamos fazer, mas o pássaro não estava mais a minha frente,
seguia o voou rasgando o céu e também meu peito. Depois de tudo, depois de
tanto esforço eu não fui capaz de segurá-lo. Era como ver a Vida se perfazer,
era como estar em um barco sendo consumido pelas águas frias e dormindo no
escuro do mar sem fim.
Então,
olhei todo longo caminho que eu havia percorrido ate aquele momento, vi todas
as marcas que havia em mim, lembrei do sorriso de confiança que meu Pai me deu
antes daquilo tudo começar e em seguida lembrei-me do pássaro que eu já amava.
Eu não iria parar. Eu teria aquele pássaro mesmo que fosse necessário aprender
a voar.
Naquele
instante eu só podia ouvir o clamor do meu coração, não me importava mais com a
dor no corpo, não me importava com o percurso que eu teria que fazer, não me
importava com quantas barreiras eu teria que ultrapassar, eu iria conquistá-lo.
Corri sem medo, caí muitas vezes e me levantei em todas; doía, mas eu não
poderia parar. Busquei, lutei, fui em frente até conseguir me aproxima do
pássaro de novo. Ele estava lá, meu amado pássaro na minha frente outra vez. Eu
não me poupei para ter mais uma chance.
Eu
não tinha mais forças para ir atrás do pássaro mais uma vez, mas quando eu o
olhei falei comigo mesmo que eu tiraria forças de onde eu não tinha para
buscá-lo todas as vezes que ele levantasse voou. Então o pássaro me olhava e
reconhecia meu esforço. Eu continuava com meu olhar nele e dei-lhe a mão como
um convite para um abraço. E foi como a sensação que em pai senti ao dar um
primeiro abraço no filho que acabou de nascer quando o pássaro voou direto para
meus braços. Fui totalmente tomado pela Alegria. Toda dor, todo esforço, todas
as barreiras, toda luta e todo sofrimento que eu passei foram esquecidos depois
daquele momento, nada mais importava se não aproveitar aquele instante tão
maravilhoso que esperei. Eu quis ficar ali eternamente, mas havia algo bem
melhor para nós: retornar ao meu Pai e ao nosso Jardim, eu sabia que meu novo
pássaro adoraria seu novo lar. Então retornei com o pássaro. Meu Pai nos
aguardava com um lindo banquete e ficou repleto de felicidade quando me viu
chegando junto com o pássaro.
Precisamos
buscar nossos sonhos como a criança que corre atrás do pássaro: poderá haver
mais de uma tentativa, você tentará por um método e por outro, enfrentará
muitas dificuldades, sofrerá, terá que lutar muito, superar suas fraquezas,
superar seus limites, mas nunca, jamais podemos desistir, não podemos voltar
para casa com as mãos vazias. Corra atrás dos seus sonhos ate conquistá-los;
pois garanto que depois de realizá-los, tudo que você passou serão apenas
lembranças. Nada vai ser mais importante que sua felicidade.
E
lembre-se do menino Jesus, que saiu da casa de seu Pai, dispensou toda sua
Majestade de Glória e saiu de um lugar tão maravilhoso porque o sonho dEle era
salvar você que estava fora do Jardim Celestial. Jesus não se poupou para
cumprir seu objetivo de amor; saiu do lado de seu Pai para vim sofrer no mundo.
Tudo por você.
Quantas
vezes fugimos de sua presença? Quantas vezes fomos para longe dEle? Em algum
momento ele desistiu de você? Jesus sofreu sim, mas Ele olhava pra você. Mas a
boa noticia é que você pode reconhecer seu Amor e Sacrifício, você pode correr
para os braços daquele que se entregou para te Salvar. Jesus Cristo nunca
reclamou pela tortura, pela coroa de espinhos, pela humilhação que passou e por
morrer na Cruz. Ele olhava para o dia que seu coração se encheria de Alegria,
no dia que você se jogaria em seus braços e Ele o abraçaria e o levaria para
encontro com o Pai Criador, em um lugar maravilhoso que olho nenhum viu, que
ouvido nenhum escutou, e não subiram ao coração do homem tudo o que Deus
preparou para os que o amam, como está escrito em I Coríntios 2:9. Lá o Pai te
receberá com Festa, Alegria e muito Amor.
(Luan Ribas)